segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A Metamorfose por Franz Kafka

Faz já muito tempo que eu não escrevo aqui uma resenha dos livros que eu leio, então resolvi extrapolar e resenhar o livro A Metamorfose escrito por Frank Kafka em 1915. Esta resenha eu fiz para um trabalho de literatura da faculdade e como eu achei que ficou legal vou compartilhar ela com vocês.


Existe também uma história em quadrinhos adaptada pelo cartunista Peter Kuper (o mesmo que faz os cartuns Spy x Spy da revista Mad) que também é muito boa e trás toda a carga de desespero do livro, talvez até um pouco mais dramático. Então leia aí e comente se gostar e espero que isso o incentive a ler o livro.




Certo dia, depois de uma noite inquieta de sono, Gregório Samsa acorda e se vê transformado em inseto. Este é o início desse que é um dos maiores clássicos da literatura mundial. Nele Kafka descreve os acontecimentos que sucedem após a transformação de Gregório em um ser repugnante para todos que o veem. Depois de se ver na forma de uma barata, o protagonista passa de filho querido a algo em que a família deve se livrar, mas não sabe como.



Gregório Samsa, caixeiro-viajante, obrigado a trabalhar para saldar as dívidas da família, formada por sua irmã Grete Samsa mais pai e mãe, agora com a impossibilidade de trabalhar e sustentá-la, causa um grande transtorno, pois isso obriga a todos trabalharem para ganhar o sustento e manutenção da casa, levando também que aluguem os quartos da casa para conseguir mais dinheiro.



Todos esses acontecimentos levam ao desprezo da família do outrora filho salvador, agora confinado a um quarto escuro onde o lixo e o pó lhe fazem companhia, Gregório observa tudo de uma fresta na porta, sem poder ajudar ou opnar em nada.



Devido ao estado debilitado e à negligência de seus familiares, Gregório vem a falecer e com isso, livre do transtorno e da desgraça que se abateu com a metamorfose do filho, toda a família vê um futuro próspero e feliz.

Kafka, a partir de um texto aparentemente simples, carrega uma quantidade muito grande de emoções e reflexões da nossa existência.



Como na maioria de seus contos, a esperança para o protagonista é quase nula. A carga melancólica é sempre presente em toda a narrativa, finais felizes são para os que não merecem.


Há em A Metamorfose vários pontos em que podemos ver situações que nos afligem, desde a nossa fragilidade e impotência frente ao Capitalismo Neo-liberal (com a preocupação de Gregório em manter seu emprego mesmo transformado em barata, pois não trabalhando e também não consumindo ele não vale nada) até o desprezo aos indivíduos contaminados pela AIDS ou outras doenças degenerativas (como na família de Gregório, os indivíduos doentes são um transtorno, as vezes confinados em locais insalubres e deixados à sorte, não deixando de mencionar também a vergonha de tal situação). Também vemos aqui o sentimento de solidão daqueles que como Gregório são deixados de lado quando param de produzir e se tornam um estorvo para a família e sociedade, coisa muito vista hoje com nossos idosos.



Partindo de outro ponto de vista também podemos encarar aqui a questão do auto-sacrifício. É evidente na obra que a família de Gregório era acomodada às mordomias de não precisarem trabalhar, pois o filho, com seu esforço, mantinha todos os luxos. Com a condição de inutilidade do filho, todos os outros têm que encarar a vida e conseguir seu sustento com o próprio suor.



Não é à toa que Kafka é um dos maiores nomes da literatura universal, com um romance curto e aparentemente de linguagem simples o autor depois de décadas de sua publicação, ainda gera muita discussão e interpretações. Inclusive, seria Gregório ter se transformado mesmo em uma barata? Uma curiosidade para finalizar. Na descrição do autor não há menção de que seja uma barata, há sim uma frase dita pela empregada que o chama de “barata velha”. No texto original o autor diz que Gregório se transformou em uma monstruosa “Ungeziefer”, que na tradução literal (tradutor Google) é algo como um verme ou simplesmente um inseto.

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