terça-feira, 9 de agosto de 2011

Crônicas dos Intocáveis, Parte 4


Algumas pessoas podem achar divertido ter sua sorte, ou azar, “previstos” por alguém, mas você, caro leitor sabe o que de fato acontece para que essa informação de sua sorte chegue ao pobre coitado que está lendo?

Quando estava com dez anos, um jovem mago descobriu seus poderes enquanto uma jovem que morava na casa vizinha dava a luz, na porta da casa havia um garoto sentado. Curioso, como toda a criança, o rapazinho chegou mais perto e tentou conversar com o garotinho, reparou que esse menino possuía uma venda nos olhos e que estava com um tecido em uma mão e um novelo de algum fio em outra.

-Oi? – o garoto nem mesmo olhava na direção, parecia não ouvir – você é novo por aqui? - e novamente nosso amigo fora ignorado.

Em determinado momento ambos ouviram o choro de uma criança, nosso jovem mago entrou na casa seguindo o garotinho cego que passou o fio por uma grossa agulha.

Enquanto as mulheres no quarto cuidavam da mãe, o bebê repousava em um cesto envolto em mantas, o garotinho cego chegou ao bebê, desembalou-o e sem pensar apenas cravou a agulha na mão esquerda do bebê e começou a costurar um retalho de tecido na palma da mãozinha rechonchuda.

Depois de alguns segundos, o bebê estava admirando as próprias mãos, o garotinho cego sentou-se ao lado do cesto e apenas admirou a paisagem, como se pudesse ver através da venda, e a mãe pedia para segurar o filho. Nesse momento, o garoto entendeu que apenas ele fora capaz de ver o garoto cego.

Ao sair da casa, tudo parecia normal, as crianças brincavam, as mulheres varriam as casas... Ninguém estava diferente, mas, ainda assim, sentia-se estranho, como se tivesse ouvido atrás da porta uma conversa pessoal.

Naquela noite, dormir parecia ser impossível, ao sair de seu quarto e passar na porta do quarto de seus pais, encontrou uma moça sentada ao lado de um rapaz, estavam no chão e pareciam costurar algo enquanto cochichavam, ambos estavam com os olhos vendados.

Apavorado, o garoto correu para seu quarto, mas pode perceber que a moça olhou em sua direção.

Na manhã seguinte, enquanto brincava com outras crianças no centro do vilarejo pode ver que todos possuíam um vulto que os perseguia, quando um dos meninos deitou na grama, pode ver que o vulto sentou-se ao lado, dessa vez era uma moça jovem, com o cabelo muito bagunçado e que também estava com os olhos vendados.

Talvez, nosso amigo, se sentisse como Adão e Eva após provar do fruto do conhecimento, absolutamente todos tinham um espirito cego que os perseguia a todos os lados, assim como as pessoas esses espíritos eram únicos.

O espírito que acompanhava o senhor que brigava com seu cão era um rapaz de longos cabelos e nariz fino, na entrada de sua casa estava a jovem mãe com seu bebê e ao lado estava o garoto, que ele julgava ser cego, que vira no nascimento do bebê e mais dois espíritos que também usavam venda estavam sentados no chão conversando.

Parecia que, de uma hora para outra, o mundo fora infestado desses espíritos que apenas ele podia ver. Não eram espíritos feios, não pareciam ser malvados, mas era impossível controlar a sensação de medo, como se de repente cada um daqueles fantasmas fosse se rebelar contra os vivos e iniciar uma sangrenta vingança.

Resolvera perder o medo e conversar com a moça que vira na sua casa. Esses espíritos pareciam estar em paz consigo mesmos, conversavam entre si e alguns até brincavam como as crianças que seguiam.

A espera pela noite que viria foi torturante, o resto do dia o garoto passara na cama, treinando mentalmente o que falar com o espírito da jovem e imaginando como ela reagiria.

Quando o sol se vestiu, o garoto colocou o pijama e esperou os pais dormirem, lá estava o casal de espíritos costurando, como na noite anterior. Devagar, ele se aproximou.

-Oi?

-Oi! - A moça olhou na direção do garoto e mostrou-o para o colega. – Você deve estar curioso não? Não são todos que conseguem nos ver.

-Quem são vocês?

-Oras, não pode ver? Somos tapeceiros!  - o rapaz respondeu cheio de si.

- Vocês então fazem tapetes?

-Não seja tolinho – a moça sorriu – Nós escrevemos a vida as pessoas. Todo mundo precisa de um tapeceiro que escreva sua vida. Mas apenas pessoas especiais como você podem ver a tapeçaria que montamos.

- Eu? Por quê?

- Você é um mago, menino! Um mago da tapeçaria!

Um comentário:

Kathy Kristine disse...

Vocês escrevem contos? Eu escrevo e tenho um blog tb http://kathlleenkristine.blogspot.com q tal darem uma olhada lá. Se gostaram virem seguidores. Fico seguindo vc aqui ok? Bjus amei a crônicas dos intocáveis ! Quem sabe a gente não se junta com outras blogueirasque escrevem e montamos um ebook para download. Tá na moda agora. Bjus