Quando eu tinha lá uns 20 anos já estava mais de um ano sem trabalhar, só vadiando em casa, sem grana pra entrar numa faculdade e sem muita vontade de ficar estudando em casa pra tentar uma faculdade pública. Foi nesse ócio todo que um amigo me falou pra eu ir na porta de uma fábrica de cerâmica aqui no meu bairro.
Esse amigo me falou que eles sempre estavam pegando gente pra trabalhar, era só chegar na portaria de manhã quando começava o expediente e uma pessoa ficava lá escolhendo gente para trabalhar.
Eu fui, bem no dia do meu aniversário. Cheguei umas 6h30m da manhã e já estava cheio de gente na frente da fábrica. Fiquei esperando para ver se algo acontecia até que apareceu um homem com uma cara e deu um berro lá da portaria perguntando se existia alguém ali que tinha segundo grau completo. Só eu e uma garota, que hoje nem me lembro mais do nome, nos aproximamos do portão.
Resumindo, entramos na fábrica para fazermos o controle de qualidade das peças produzidas. Fizemos um treinamento de uns 10 minutos e já fomos trabalhar. Eu trabalhava junto com o pessoal que embalava as peças e fazia a expedição. Minha função era escolher algumas caixas e abri-las pra conferir se existia alguma com defeito que o pessoal deixou escapar.
Nem preciso dizer que o pessoal ficava puto comigo quando eu recusava um lote inteiro. Eles tinham que abrir tudo e conferir peça por peça novamente.
Essa era minha função lá, mas eu acabei conquistando a amizade do pessoal e eles já não ficavam mais tão puto comigo, eu até ajudava eles a desembalar e embalar as peças.
Uma dessas pessoas que trabalhavam lá era a Dona Lúcia, uma senhora de uns 60 e poucos anos que era amante de um babadaço que trabalhava no mesmo setor. Dona Lúcia era totalmente analfabeta.
Um dia, uma das meninas que trabalhava lá estava reclamando de dor de cabeça. Dona Lúcia como boa mãezona da galera tirou da bolsa uma caixinha de algum medicamento e disse que ela tomava aquilo quando estava com dor de cabeça. Eu achei estranha a caixa do medicamento e pedi pra ela me deixar dar uma olhada e vi que a bula estava dentro da caixa. Com uma lida rápida eu vi que o medicamento era para prisão de ventre. A não ser que a dor de cabeça da Dona Lúcia fosse causada por dias sem ir ao banheiro acho que para essa outra garota não iria fazer efeito nenhum a não ser uma leve dor de barriga.
Mas existem pessoas, como o coordenador do setor onde eu trabalhava que aqui vou identificar apenas como Mr. Tal, esse remedinho pode curar as dores de cabeça dele. Sabe como é, depois de uma bela cagada o intestino dele deve aliviar a pressão que faz no cérebro e a dor passa num instante.
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